Estou a perder a memória. Terei doença de Alzheimer?

Quan­do se esque­ce de onde colo­cou os ócu­los, isso está rela­ci­o­na­do com o pro­ces­so nor­mal de enve­lhe­ci­men­to. Quan­do se esque­ce de que usa ócu­los, então é pro­vá­vel que sofra de demên­cia. Um dis­túr­bio como a doen­ça de Alzhei­mer, cau­sa­do­ra de dois ter­ços dos casos de demên­cia, não é um exem­plo extre­mo do pro­ces­so de enve­lhe­ci­men­to, mas pren­de-se com a dete­ri­o­ra­ção de regiões espe­ci­fi­cas do cére­bro em con­jun­to com alguns sin­to­mas que não ocor­rem nun­ca no enve­lhe­ci­men­to nor­mal. Paci­en­tes em fases avan­ça­das de demên­cia não são capa­zes de se recor­dar de acon­te­ci­men­tos impor­tan­tes da sua pró­pria vida e é pos­sí­vel que dei­xem de reco­nhe­cer o côn­ju­ge ou os filhos.

As esti­ma­ti­vas esta­tís­ti­cas suge­rem que cer­ca de 75% dos ame­ri­ca­nos con­trai­ri­am esta pato­lo­gia se todos vives­sem até aos cem anos. A medi­da que a popu­la­ção mun­di­al enve­lhe­ce, a demên­cia vai-se tor­nan­do cada vez mais um pro­ble­ma; a sua inci­dên­cia actu­al é de cer­ca de vin­te e qua­tro milhões de pes­so­as em todo o mun­do, pre­ven­do-se que este núme­ro aumen­te para oiten­ta e um milhões em 2040.

Os fac­to­res gené­ti­cos têm con­si­de­rá­vel influên­cia na nos­sa sus­cep­ti­bi­li­da­de para a demên­cia, sobre­tu­do rela­ti­va­men­te à ida­de em que ela se ins­ta­la. Foram iden­ti­fi­ca­dos cer­ca de uma deze­na genes que repre­sen­tam fato­res de ris­co ou de pro­te­ção, mas um deles, a apo­li­po­pro­teí­na E (ApoE), pro­vo­ca efei­tos mais for­tes do que todos os outros jun­tos. A ida­de média para o sur­gi­men­to dos sin­to­mas da doen­ça é de cer­ca de quin­ze anos antes em pes­so­as com dois exem­pla­res da for­ma de ris­co do gene ApoE, com­pa­ra­das com indi­ví­du­os com a for­ma pro­tec­to­ra do mes­mo gene.

Mui­tos dos fac­to­res asso­ci­a­dos ao esti­lo de vida que influ­en­ci­am a fun­ção do cére­bro duran­te o pro­ces­so nor­mal de enve­lhe­ci­men­to são tam­bém rele­van­tes para o apa­re­ci­men­to da doen­ça de Alzheimer.

Tal como já refe­ri­mos, o exer­cí­cio físi­co é uma exce­len­te for­ma de nos pro­te­ger­mos. Outros fac­to­res que apa­re­cem liga­dos a um ris­co mais redu­zi­do de demên­cia inclu­em a for­ma­ção aca­dé­mi­ca, o con­su­mo regu­lar de doses mode­ra­das de vinho tin­to, etc.

Fon­te: Aamodt, S., Wang, S., & Tava­res, D. (2009). Cére­bro: Manu­al do utilizador.

Rosá­lia dos San­tos / Rosá­lia Pinhei­ro dos San­tos / Folium Forlag